Rins e performance esportiva

Uma forma bastante acessível de verificar se seus rins estão funcionando bem é fazendo um simples exame de sangue. A dosagem de ureia e creatinina podem te ajudar a verificar se tudo vai bem com sua saúde renal e estimar seu nível de comprometimento renal, caso já possua algum. Mas você sabia que esses exames também podem ajudar na performance de atletas amadores e profissionais?

A prática esportiva é importante aliada da boa saúde renal e vice-versa, pois se a prática regular de atividades físicas pode prevenir as principais doenças que causam problemas renais, a boa saúde dos rins é crucial para uma boa performance esportiva. A maioria de nós lembra que precisamos de músculos fortes, bom coração e pulmões funcionando “a pleno vapor” para superarmos nossas melhores marcas esportivas, mas… e os rins? Como estes órgãos escondidos podem nos ajudar no esporte?

Que os rins são responsáveis pelo controle de líquidos do corpo você já sabe, mas eles também são os principais responsáveis para evitar a perda excessiva de proteínas pela urina. Pessoas com lesão nos rins tendem a perder proteínas de forma excessiva e, mesmo com boa alimentação, podem se tornar desnutridas com o passar do tempo. Quem não se lembra daquele parente magrinho que faz hemodiálise? Ele não evoluiu para doença renal avançada por ser magrinho, provavelmente perdeu massa magra depois de ter perdido função renal. Além disso, são os rins que produzem um hormônio responsável pela produção de células vermelhas na medula, a eritropoetina. E são as células vermelhas as responsáveis pelo transporte de oxigênio até os tecidos do nosso corpo; por isso, quando estão em pequena quantidade, esse transporte é ineficaz – razão essa pela qual pessoas com anemia relatam cansaço ao tentar realizar atividades físicas mais intensas.

Seja pelo benefício de saúde ou pelo desejo de subir ao lugar mais alto do pódio, atletas amadores e profissionais têm se esforçado com disciplina quase militar em relação aos seus treinamentos. Mas, se por um lado há uma certeza de que as atividades físicas podem ajudar a prevenir as causas da doença que mais mata no mundo (a aterosclerose), como obesidade, diabetes e hipertensão, o excesso de exercícios também pode ser um problema. A síndrome do overtraining significa que a intensidade do treinamento superou as capacidades adaptativas do organismo: é quando o estresse físico e mental superou o descanso, que se tornou insuficiente para a carga pesada dos treinos. Esse excesso pode ser diagnosticado por meio de queixas simples como simplesmente a queda da performance. Os treinos não rendem como antes e, para quem pratica esportes de força, fica mais fácil perceber que, além de não ganhar mais a tão sonhada massa magra, seus músculos diminuem. O acordar cansado e de mau-humor, bem como a insônia também podem fazer parte desse rol de sintomas do overtraining.

Como esses sintomas são bem inespecíficos, alguns marcadores laboratoriais podem ajudar no diagnóstico e aí voltamos a falar daqueles exames que só são lembrados pela maioria para aferir a função renal. Acontece que a ureia e a creatinina, como produtos da degradação muscular, são importantes para avaliar a síndrome do overtraining. Níveis elevados de ureia no sangue podem indicar degradação proteica e, consequentemente, perda de massa muscular, que podem estar associados à diminuição dos valores basais de creatinina plasmática (no sangue) e cortisol salivar aumentado, indicando que o stress físico se tornou maior que o tempo regular de descanso. Tudo isso liga o alerta de que é tempo de prestar mais atenção à periodização do treinamento, dar mais importância ao sono e que, talvez, tenha havido exagero no déficit calórico da dieta aumentando, inclusive, as chances de reganho de peso pelo aumento excessivo da fome e mesmo de compulsões alimentares relacionadas a dietas demasiadamente restritivas.

Quando o atleta não é capaz de reconhecer os sinais de cansaço do próprio corpo, seja porque é experiente e busca incrementos na performance, como um maratonista que deseja se classificar para uma prova importante, seja por ser ainda inexperiente, como alguém iniciando na musculação ou crossfit, por exemplo, o overtraining pode evoluir para condições ainda mais graves, como lesões musculares, cardíacas e até mesmo a temível rabdomiólise. Esta última condição refere-se à destruição muscular com liberação de proteínas e enzimas na circulação que, ao serem filtradas pelos glomérulos (parte funcional do rim), podem levar à disfunção renal grave, necessidade de hemodiálise e, até mesmo, a morte se não tratada a tempo.

Não procure seu médico apenas para prescrever suplementos, hormônios ou drogas emagrecedoras a fim de melhorar ainda mais o seu físico! A solução pode ir na contramão do senso comum. Às vezes, menos é mais!

Mas, conta aí, você sabia que seus rins eram tão importantes assim para manter seus músculos, evitar anemia e melhorar a sua performance?

Andrey Lima

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