Nessa vida ou você é magro ou feliz

Esses dias, recebi de um primo a mensagem acima. A frase conhecida foi uma brincadeira sobre a dificuldade em se manter uma dieta mais saudável, com menos doces, industrializados e carboidratos ruins (de alto índice glicêmico), mas vale uma reflexão um tanto quanto filosófica: seria exagero condicionar nossa felicidade a determinada comida ou sabor?

O ato de comer é importante em praticamente todas as culturas e vai muito além da necessidade básica de sobrevivência. O prazer em degustar uma infinidade de sabores e texturas é algo surpreendente. Além disso, também é unanimidade o poder que a comida tem de juntar as pessoas. Até mesmo na Bíblia podemos ver a importância da refeição – basta que lembremos da Santa Ceia ou de tantas metáforas utilizadas pelo próprio Jesus, como quando compara Seu corpo ao pão e Seu sangue ao vinho.

Comer e beber bem podem aquecer nossos corações de alegria mas, o fato de 60% da população brasileira estar acima do peso acende o alerta de que estamos lidando com a comida de forma equivocada. Sim, pois o consumo de doces, industrializados e carboidratos mais refinados estão relacionados ao surgimento de muitas doenças comuns, tais como obesidade, hipertensão, diabetes e até mesmo câncer. Essas doenças juntas são responsáveis pela maior parte das mortes entre nós.

O stress, ansiedade ou depressão faz com que muitas pessoas utilizem a comida como escape da dura realidade e, normalmente, os alimentos utilizados para darem vazão ao “eu mereço” são os industrializados super palatáveis. A indústria alimentícia utiliza suas “mágicas“ para tornar alimentos que pensamos ser salgados, repletos de açúcar – e o oposto também. Aquele alimento zero açúcar normalmente está repleto de sódio e todo esse misto de sabores nos dá aquela explosão de felicidade. Tais alimentos são saborosos, mas satisfazem por pouco tempo, levando os consumidores a desejarem cada vez mais e em maior quantidade.

Essas pessoas que satisfazem suas angústias diárias com aquele hambúrguer do fast food, com aquele refrigerante trincando de gelado estão mais felizes? A resposta cada um já sabe. Há forte associação entre obesidade e doenças psiquiátricas, que podem até ter causas independentes, mas ainda assim caminham juntas em um ciclo vicioso triste e muitas vezes mortal.

Sexo, esporte, viagens, contato com a natureza, cuidar de um animal, praticar caridade, melhor relacionamento com parentes e amigos podem liberar diferentes neurotransmissores que podem nos deixar bastante contentes. Lembro que quando criança, eu não pensava em comida: comia algo rápido para retornar às atividades de que gostava.

O prazer de comer não deve preencher outras áreas de nossa complexa existência. Conhecer melhor sobre uma alimentação mais equilibrada e consciente, seja lowcarb ou lowfat, a depender do estilo e gosto de cada um, não significa necessariamente infelicidade em abdicar do que se ama. Quando se conhece mais sobre os ingredientes naturais, carnes, gorduras, talvez você passe a gostar de novos sabores que, muito provavelmente, te ajudarão a aproveitar ainda mais as outras áreas da vida por muitos anos mais. Nesse aspecto, temos que nos parecer mais com as crianças e voltarmos a aproveitar outros prazeres mais simples e saudáveis.

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