A polêmica ressurgiu após o anúncio: “Governo Federal zerou imposto de importação de suplementos alimentares, como Whey Protein, creatina, BCAA e multivitamínicos, e diversos itens de nutrição esportiva, além de reduzir de 11,2 para 4% os impostos para diversos outros itens, como proteínas lácteas e Albumina”.
Não demorou para que algumas mídias criticassem tal medida, afirmando, “segundo especialistas, que o suplemento poderia fazer mal à saúde, além de a medida ser uma afronta aos pobres, pois estes estão com dificuldades para comprar até alimentos básicos”. Mas, deixando de lado o partidarismo midiático acerca da notícia, será que o tal suplemento pode mesmo prejudicar nossos rins?
O Whey Protein é um suplemento proteico, sendo um produto à base da proteína do soro do leite com alto valor biológico de proteína e grande capacidade de absorção. Existem basicamente 3 tipos do produto:
- O concentrado, que possui concentração de proteína de 70 a 80% e velocidade de absorção mais lenta. É o melhor custo-benefício, sendo indicado para quem não tem restrição para carboidratos, gordura e lactose;
- O isolado, que possui teor de proteína em torno de 92% a 98% e quantidade ainda menor de lactose e gordura, sendo indicado para pessoas sensíveis à lactose e em restrição calórica mais severa;
- E o hidrolisado, com teor de proteína de 99%, sendo, portanto, a forma mais pura e de absorção mais rápida, e mais indicado para quem tem problemas intestinais ou para atletas com necessidade de absorção ainda mais rápida do produto.
Por ser bastante popular entre atletas de fisiculturismo, o produto ainda é visto com preconceito por algumas pessoas, que chegam a associá-lo com drogas anabolizantes, como se fosse um produto underground. Diferente do que muitos imaginam, o Whey Protein é aprovado pela Anvisa e, para muitos especialistas, ele é muito mais que um suplemento para atletas: é considerado um alimento que pode ajudar a tratar pessoas desnutridas, sendo até mesmo indicado para idosos e adultos que não conseguem ingerir a quantidade mínima diária de proteínas. Essa meta diária não é fácil de ser atingida, mesmo para adultos jovens. Considerando uma quantidade moderada de proteínas de 1,2 a 1,5 g /kg/ dia, um homem de 80 kg, precisaria ingerir cerca de 6 bifes de 100 g para atingir esses níveis, se fôssemos considerar a carne vermelha sua única fonte de proteína naquele dia. Podemos rapidamente concluir que existem muitas crianças e adultos desnutridos, mesmo aqueles com peso corporal normal ou mesmo elevado, pois a composição corporal demonstra acúmulo desproporcional de gordura em relação aos músculos.
O Whey Protein é um dos suplementos mais estudados no mundo e, até hoje, não se conseguiu provar relação causal entre o alimento e doença renal. Não há restrição ao seu uso para pessoas com boa função renal e mesmo para aquelas com Doença Renal Crônica( DRC) em estágio inicial, com clearence de creatinina > 60ml/min/1,73m2. O maior estudo até o momento, o estudo Modification of Diet in Renal Disease (MDRD), analisou 585 pacientes com DRC não diabética e TFG média de 39 mL/min/1,73 m 2 (todos os pacientes com TFG <55 mL/min/1,73 m 2 ) . Os pacientes foram aleatoriamente designados para ingestão de proteínas de 1,3 ou 0,58 g/kg/dia.
O estudo MDRD e outras revisões sistemáticas posteriores, concordam que os pacientes desse grupo (já com doença renal moderada) e diminuição modesta do consumo de proteínas (0,6 a 0,8 g/kg/dia) parecem ter evoluído mais lentamente para perda da função renal e necessidade de hemodiálise, embora alertem para maior mortalidade para pacientes com DRC e restrição muito severa de proteínas( < 0,3g/kg/dia).
Traduzindo: quem possui os rins funcionando acima de 60% pode consumir uma quantidade de proteínas muito semelhante à população geral. A restrição ocorre para pessoas com problemas renais e taxa de filtração mais reduzida, não porque o produto agride os rins, mas sim pela dificuldade de filtração dos rins, que se tornaram insuficientes por outras causas.
Para saber como anda sua taxa de filtração glomerular, ou seja se seus rins estão funcionando bem, você precisa realizar consulta com seu médico de forma preventiva e ter essa taxa medida por meio de exames simples de urina e de sangue, pois doenças comuns como obesidade, hipertensão e diabetes, podem prejudicar seus rins de forma sileciosa.